domingo, 24 de julho de 2011

E SE A VÍTIMA DE BULLYING É UMA CRIANÇA?


Como lidar com o bullying infantil no início do convívio social? Normalmente se fala em orientação para idades na faixa de 11 a 15 anos. E os pequenos? Com certeza a incidência é menor nesse caso, mas existe.

Na minha opinião, a incidência de bullying entre crianças não é muito menor do que entre adolescentes. Os pequenos apenas demoram mais a notar que estão sendo vítimas. A escola, por sua vez, bem como os pais tendem a pensar que a criança que está zombando ou apontando algum defeito de outra criança o faz porque é pequena e ainda não tem noção de que não pode fazer essas coisas.

Tenho convivido com crianças do ensino fundamental I e ouço coisas como: “O Matheus chorão trouxe maçã hoje pra escola.” “O Felipe é o mais lerdo da sala. Todo time que ele entra perde.” Também ouço coisas que se confundem muito com elogios, mas se tornam bullying a partir do momento que são repetitivas e têm o objetivo de caçoar do colega. Por exemplo: “Nossa! A Joana tirou mais do que a Beatriz!!! Isso é um milagre! Ninguém tira mais nota do que a Beatriz!!!” Atendi no meu consultório uma Beatriz que não queria mais ir para a escola porque zombavam dela quando ela tirava menos que 10 nos trabalhos ou provinhas.

Apesar de situações desse tipo serem comuns entre crianças, acho mais fácil trabalhar com elas do que com adolescentes que são vítimas ou autores de bullying, porque o trabalho com crianças consiste apenas em estimulá-las a ter uma atitude diferente.

No caso de uma criança vítima de bullying, precisamos estimulá-la a não ser passiva quando escutar coisas como essas que citei. No caso do “Matheus chorão”, os pais podem incentivá-lo a dizer para o colega que ele chorava no ínicio, quando estava se adaptando à escola, mas agora não chora mais, portanto não é chorão. Podem estimulá-lo a dizer também que cada um tem suas características e é muito feio ficar zombando do outro, porque ele (criança que praticou o bullying) não gostaria que zombassem dele por causa das coisas que ele não faz bem ou de seus defeitos.

É claro que, para os pais fazerem isso, eles precisam saber o que está acontecendo, quem são os colegas do filho, como está seu desempenho na escola. Além disso, devem ter um ótimo diálogo e companheirismo com o filho. Resumindo, a função dos pais é “emprestar” ao filho um pouco de sua atitude para que ele use até conseguir fundamentar a dele próprio.



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