Uma prestação de serviço de
marcenaria, em 2014, marcou o começo da mudança na vida de Lídia Rossi, que
mora na cidade de Nova Xavantina (a 661 quilômetros de Cuiabá). Luziano Alves
da Silva é marceneiro e, na época, era diretor do Clube de Desbravadores
Guardiões do Araguaia.
Em uma ocasião, Luziano foi até a
casa de Lídia para arrumar um guarda-roupas. No dia anterior, uma emissora de
TV local havia feito uma reportagem sobre a atuação do Clube de Desbravadores
na cidade. E a filha de Lídia, Amanda Alice, reconheceu Luziano por conta da
entrevista que ele deu. “Ela ficou toda empolgada e ficava me cutucando para
que eu falasse com ele sobre o que era necessário fazer para ser uma
desbravadora”, relembra Lídia. Na mesma semana, Amanda e, mais tarde, seu
irmão, Guilherme Mateus, passaram a frequentar as atividades do clube Guardiões
do Araguaia.
Momentos
complicados
Antes disso ocorrer, Lídia tinha
passado por momentos bem difíceis. Faltando apenas quatro meses para se graduar
em Ciências Contábeis, precisou deixar o curso para cuidar da sua filha. A
menina, após uma queda, teve de passar por uma cirurgia de emergência para a
retirada de um coágulo na cabeça. “Nesta época, morávamos em Campo Grande (Mato
Grosso do Sul). Decidi vir para Nova Xavantina (Mato Grosso) para ficar próximo
da minha mãe e ter ajuda no processo de recuperação da Amanda, que durou um
ano”, recorda. “Meus pais tinham acabado de se divorciar também, então, além
disso, eu precisava ficar perto da minha mãe para apoiá-la”, conta.
As situações se acumularam e Lídia
sentia uma tristeza profunda. Chegou a perder o apetite, tinha insônia e
chorava sem motivos. “Comecei a ter febre com frequência e não tinha vontade
alguma de sair de casa. Lembro que até me arrumava para sair, mas quando
chegava no portão, desistia e voltava para o quarto”, relata.
Maria Luiza, a esposa de Luziano,
decidiu levar Lídia ao médico que a diagnosticou com um quadro de depressão e
ansiedade avançado. Lídia começou, então, o tratamento com os remédios
indicados, embora tivesse dificuldades para perceber a gravidade da sua
situação. “Não conseguia entender como tinha chegado naquele ponto. Me sentia
culpada, mas também não tinha forças para reagir”.
Influência
dos desbravadores
Seus filhos, Amanda e Guilherme,
estavam cada vez mais animados com os desbravadores. Por isso, Lídia foi
convidada pela direção do Clube para ajudar nas atividades e a participar dos
encontros semanais. “Achei a ideia interessante e comecei a pesquisar na
internet tudo sobre os Desbravadores. Como funcionava, os fundamentos, a
estrutura de um Clube, as funções de liderança… Mergulhei nesse universo e me
apaixonei!”, afirma.
No começo, foi difícil para Lídia
frequentar os encontros do Clube ou participar dos acampamentos. “Lembro de um
dos primeiros acampamentos que participei e que não consegui ficar até o final.
Comecei a me sentir mal dentro da barraca e só dizia que queria ir embora.
Minha percepção sobre as coisas ao redor era muito negativa”, explica.
O processo foi gradativo, mas o
envolvimento com os desbravadores contribuiu para que Lídia melhorasse da
depressão significativamente. Como um próximo passo, ela e os filhos decidiram
estudar a Bíblia e, mais tarde, foram batizados na Igreja Adventista de Nova
Xavantina.
De secretária, passou a ser
conselheira e, desde o ano passado, é diretora do Clube que tanto colaborou
para a melhora da sua saúde emocional. “Posso afirmar com toda a certeza que o
Clube de Desbravadores transformou a minha vida e a vida da minha família.
Passo o dia todo pensando nos 23 adolescentes que participam do Clube, se eles
estão indo bem na escola, me preocupo com suas famílias e procuro estar
presente na vida deles durante toda a semana”, comenta.
Lídia confessa que não consegue
reconhecer a pessoa que era há cinco anos. “Estamos em um momento muito
especial: é Setembro Amarelo e vamos celebrar o Dia Mundial do Desbravador no
sábado (14.09). Impossível não ficar emocionada quando lembro da situação
difícil em que minha saúde chegou. Mas, a emoção que sinto hoje é de alegria
também, porque Deus me resgatou e me curou!”, declara.
Setembro
Amarelo
Setembro Amarelo é uma campanha de
valorização da saúde mental, do bem-estar psicológico e de prevenção ao
suicídio. Durante todo o mês, a sociedade abre espaço para debates e divulgação
dos temas, como forma de conscientização do problema.
Segundo um relatório da Organização
Mundial de Saúde (OMS), divulgado em 2018, o Brasil é o país mais deprimido e
ansioso da América Latina. Estima-se que 5,8% dos brasileiros sofram de
depressão, a maior taxa do continente latino-americano.
Dia
Mundial do Desbravador
Celebrado neste sábado (14.09), o
Dia Mundial do Desbravador é o momento de comemorar a vida de meninos e meninas
com idades entre 10 e 15 anos, de diferentes classes sociais, cor e religião,
que se reúnem uma vez por semana para aprenderem a desenvolver talentos,
habilidades, percepções e o gosto pela natureza.
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