Em tempos de pandemia muitas pessoas
têm sofrido com a crise financeira que gerou desempregos, falta de renda e tem
colocado famílias inteiras em situação de vulnerabilidade social. Mas, antes da
atual crise chegar já havia um grupo que conhecia de perto essa realidade e
agora se vê ainda mais vulnerável. Esse grupo é formado pelas pessoas que
dependem das ruas para sobreviver.
É o caso do jovem Leandro de
Oliveira. Aos 38 anos de idade, entre idas e vindas, a rua é o seu lar e seu
sustento. “Eu vendo copos de vidro que eu mesmo confecciono, mas muitas pessoas
que nos veem no semáforo acham que somos a escória da sociedade. Então, por
conta dessa barreira, nem sempre a gente tem o que comer e muitas vezes o dia
acaba sem que eu tenha feito uma única refeição”, relata.
No decorrer da conversa, passagens
de textos bíblicos são compartilhados por Leandro revelando que ele é alguém
que já viveu o evangelho na prática, mas, assim como outras centenas de pessoas
que vivem embaixo de um dos pontilhões da principal marginal que atravessa a
cidade de Campo Grande, as circunstâncias da vida o levaram até ali. “Sou
dependente químico. Gosto? Não gosto. Sou feliz? Não sou! Luto? Nem tanto mais.
Mas são ações como essa que me fazem ter um pouco mais de fé na vida”,
emociona-se ao segurar em uma mão um marmitex com macarrão caseiro e um copo de
refrigerante na outra. Cortesia do projeto “Jantar do Bem”, uma iniciativa que
conta com a união de voluntários adventistas e não adventistas para levar
alimento, roupas e livros missionários a moradores em situação de rua e
famílias carentes da capital.
De acordo com o advogado Wilton
Candelorio, idealizador da ação, o mais interessante nessa união de forças é a
forma com que o projeto tem alcançado essas vidas. “A gente tinha o desejo de
fazer alguma coisa por esse grupo aqui da nossa cidade. Com isso, muitas
pessoas deram as mãos e uniram forças.
Voluntários da Igreja Adventista, de outras denominações e até pessoas que não
têm denominação alguma, todos, unidos com o único objetivo de auxiliar aqueles
que tanto precisam. E é através desse trabalho que conseguimos estender a mão
tanto pelo campo físico, como pelo espiritual”, pontua.
Para o voluntário João Victor de
Matos, o projeto é uma estrada de mão dupla, fazendo o bem para quem recebe a
ajuda, mas especialmente, para quem estende a mão. “Estar aqui, pra mim, dá
sentido à vida. Sinto gratidão em ver e ouvir histórias de vida, conhecer
realidades tão diferentes da nossa e entender que há muito mais no mundo do que
o cenário que enxergamos de dentro das nossas casas, do nosso conforto”,
comenta.
O momento de distanciamento social
não permite que abraços sejam dados, tampouco um aperto de mão compartilhado.
Mas a oração é um momento único, especialmente para levar esperança a quem
tanto precisa e anda cansado de lutar pela própria sobrevivência, é o que
revela Leandro. “A Palavra de Deus diz ‘tive fome e deste-me de comer, tive
sede e deste-me de beber’, e que Deus utilizou as ‘coisas loucas desse mundo
para confundir as sábias’. Os cristãos, muitas vezes, se esquecem do que Deus
fez pelos seus, por nós, todos nós, mesmo o marginalizado. Tem dias mais
difíceis que outros. O de hoje, graças a esse grupo, é um dia mais fácil do que
foi ontem e provavelmente do que será amanhã. Eu só consigo agradecer ao grupo
pela refeição, pelas roupas e pelo livro”, conclui Leandro, sabiamente
utilizando palavras que levam à uma profunda reflexão.
Fonte: www.noticias.adventistas.org
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